CNC estima alta de 1,6% nos serviços e 2,9% no turismo em 2023
Com aumento de feriados no ano, atividades turísticas devem receber injeção de R$ 74,3 bilhões
Apesar do aperto nas finanças das famílias e do menor nível de atividade econômica esperados para este ano, a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que haja avanço, mesmo tímido, nos serviços e no turismo, em 2023. A expectativa da entidade é que o volume de receitas dos serviços aumente 1,6%. O ramo do turismo, um dos segmentos que fazem parte do setor de serviços, deve ter aumento real de 2,9% nas receitas, alavancado especialmente pelo atendimento à demanda reprimida dos últimos anos.
Segundo o presidente da Confederação, José Roberto Tadros, a perspectiva é que haja uma desaceleração do ritmo de recuperação das perdas provocadas pela pandemia, nos próximos meses. “Mesmo tendo sido um dos mais atingidos pelas consequências econômicas decorrentes da pandemia, quando comparado aos demais setores, os serviços apresentam o maior avanço na comparação setorial, em relação ao nível de atividade verificado antes do início da crise sanitária”, aponta Tadros.
Estabilidade do setor de serviços
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de novembro de 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 12 de janeiro, registrou variação nula (0%) na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais. Em relação a novembro de 2021, houve avanço de 6,3% – o 21º consecutivo.
Se, por um lado, os transportes e os serviços profissionais e administrativos tiveram altas de 0,3% e 0,2%, respectivamente, a prestação de serviços às famílias e o segmento de informação e comunicação impediram o avanço das atividades terciárias (com quedas de 0,8% e 0,7%, nessa ordem). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também medido pelo IBGE, registrou variação de 0,13% em novembro, o menor desde a deflação de maio de 2021. “Esse foi um dos fatores que evitaram que o setor de serviços apresentasse queda”, explica o economista da CNC responsável pelas projeções, Fabio Bentes.
Segundo ele, como a prestação de serviços é menos dependente do comportamento da taxa de juros, diferentemente do consumo de bens duráveis, por exemplo, observa-se um avanço mais intenso desse setor em relação aos demais. Enquanto o setor de serviços aumentou 11% em relação a fevereiro de 2020, o varejo cresceu 3%, o turismo teve queda de 3% e a indústria reduziu 2% seu nível de atividade.
Turismo em reconstrução
Por conta do cenário econômico desfavorável da segunda metade de 2022, a PMS apontou leve recuo nas atividades do turismo, em novembro, de 0,1%. Em relação ao mesmo mês de 2021, no entanto, houve avanço de 11,8%. “Isso indica uma constância na recuperação do segmento após as perdas significativas nos anos de 2020 e 2021”, acrescenta o economista Fabio Bentes.
A principal trava do crescimento do turismo continua sendo o aumento das passagens aéreas, que fechou 2022 com alta de 23,5%. Mesmo com preços elevados, o fluxo de aeronaves, que teve queda de 89% durante a primeira onda da pandemia, hoje é apenas 6% inferior ao verificado em fevereiro de 2020.
Feriados animam economia dos setores
A maior quantidade de feriados neste ano do que em outros anos deve contribuir para o processo de regeneração do nível de atividade do turismo ao longo de 2023. Ao contrário do ano passado, o calendário de 2023 contará com diversos feriados ou pontos facultativos prolongados. De acordo com a CNC, cada um desses períodos pode injetar até 2,1% no volume anual de receitas do setor. Assim, a projeção da receita real das atividades turísticas deve receber o maior incremento desde 2018: R$ 74,3 bilhões, o equivalente a aproximadamente 18% do faturamento do setor.
Sem contar comemorações regionais e das datas fixas de carnaval, Sexta-Feira Santa e Corpus Christi, o turismo deve apresentar movimentações extras nos Dias da Independência, de Nossa Senhora Aparecida e de Finados (todos celebrados neste ano em quintas-feiras), Tiradentes, que cai em uma sexta-feira, além do Dia Internacional do Trabalhador, Natal e Ano-Novo – celebrados em segundas-feiras.