Especialista em Neurociência lança metodologia para melhorar conexão entre pais e filhos
No mês em que se comemora o Dio dos Filhos (23/09) e impulsionada pelo aumento no número de diagnósticos de doenças mentais e comportamentais – sete em cada 10 crianças e adolescentes tem algum sintoma de ansiedade ou depressão -, a mãe, jornalista e coach especialista em Neurociência e Performance Humana, Abilene Rodrigues, lançou o projeto “Filhos Fortes para o Mundo”.
O objetivo da metodologia é melhorar a conexão entre pais e filhos através da criação de boas memórias e formar adultos saudáveis e empáticos.
“Cada vez que vivemos uma experiência, ocorre uma sinapse química entre os nossos neurônios, um registro no nosso cérebro. Que pode ser bom, ruim ou trivial. Se queremos filhos saudáveis precisamos gerar mais sinapses boas que ruins”, explicou.
Em casa e na escola
A primeira ação do “Filhos Fortes para o Mundo” foi uma palestra no Centro de Educação Infantil (CMEI) Professora Nádia Benitez. Mais de 30 pais participaram de um bate-papo de duas horas sobre como fortalecer os laços entre pais e filhos. E assim, construir memórias positivas na família por meio de experiências de importância, pertencimento, conexão e limites.
Segundo a diretora do CMEI, Danielle Squizani Melo, o “Projeto Filhos Fortes para o Mundo” contribuiu de maneira significativa com a unidade de ensino. Além de agregar conhecimento aos docentes para aprimorarem sua prática em sala de aula no atendimento as crianças, deu oportunidade às famílias de viver um momento de reflexão e conhecimento sobre o desenvolvimento e comportamento dos seus filhos.
“Foi muito importante, pois reforçou como a vivência familiar pode influenciar no mau comportamento da criança na escola, atitudes que quando investigamos na maioria das vezes se dá por razão de pais ausentes e lares desarmoniosos”, disse a diretora. E completou: “Foi nítido o interesse das famílias e dos docentes pelo assunto foi abordado”.
Por que pelos pais?
Abilene explica que a mudança precisa começar pelos pais. O primeiro passo é entender que as crianças modelam o comportamento dos adultos.
Segundo Abilene, as crianças são “espojinhas”. Aprendem tudo o que veem, ouvem e sentem. E saem replicando. Um dos principais locais de criação das memórias positivas ou negativas é em casa. Se em casa há um ambiente de afeto, elas têm melhor habilidade cognitiva, são corajosas, seguras, empáticas e criativas. Mas se o ambiente for de estresse, haverá bloqueio, medo, insegurança, inquietação e ansiedade. “Nós somos hoje resultados das memórias que vivemos na infância. Se foram boas, vamos repetir com nossos filhos. Se foram ruins, podemos evitar repetir”.
De acordo com a especialista, as crianças estão ficando doentes emocionalmente por causa das memórias registradas diariamente no cérebro. Num lar onde negligência de cuidados, falta de atenção e afeto, dependência de drogas e brigas, a criança desenvolve doenças físicas e emocionais, além de distúrbios sociais e de comportamento. Quanto mais episódios de adversidades na infância, mais deficiente será o sistema imunológico ao longo da vida.
Mais amor por favor
Estudos explicam que as birras, as desobediências, os gritos e até o mau comportamento produzido pelas crianças são a forma encontrada por elas para chamar a atenção dos adultos. “Eles estão apenas pedindo amor. Clamando para serem ouvidos. Muitas vezes desconhecem que são amados”, destacou Abilene.
Abilene Rodrigues é jornalista, coach de relacionamentos e especialista em Neurociência e Performance Humana. É esposa do Samuel e mamãe do Davi e da Ana.