Caravelas é uma cidade cheia de histórias na Bahia

O Centro histórico e os bairros de Caravelas nos remetem à um passado cheio de histórias contada pela arquitetura, cultura e costumes

Localizado no extremo Sul da Bahia, o município de Caravelas está na Rota das Baleias que vão e vem no Parque Nacional Marinho de Abrolhos. A cidade recebe turistas de várias partes do mundo para fazer mergulho e observação de baleias no período de julho a novembro e também visitar o Centro Histórico. Com uma população de pouco mais de 22 mil habitantes, está distante 721km de Salvador/BA, capital do estado. Caravelas foi emancipada em 23 de abril de 1855 e possui um grande rio que leva o mesmo nome da cidade, mas sua fundação ocorreu em 1581 e sua história começou junto com a do Brasil.

Foi por Caravelas que comecei minha viagem no Sul da Bahia. Eu fiquei hospedada na casa da minha filha Bruna e o namorado Gustavo, localizada dentro do resort Marina, a beira mar. O bairro se chama Grauçá, local com várias pousadas, restaurantes de porte pequeno e a maior praia de Caravelas/Grauçá.

O sossego e o silêncio de Grauçá só são quebrados pelo barulho das ondas do mar, do canto de diversos pássaros, das corujas que vivem por lá, do gado que foge das fazendas próximas e do bendito vento Sul.

Grauçá possui a maior praia de Caravelas, onde se realizam os principais eventos, como CarnaBarra, Reveillón e eventos esportivos regionais, mas está precisando caprichar na infraestrutura para receber melhor os turistas. Ainda tem a praia de Iemanjá, praticamente deserta e sem nenhuma estrutura para receber visitantes.

Gastronomia – Foi em Grauçá que conheci e convivi com vários moradores como os caravelenses, Rossana, a ‘Ro’ e o marido Silvinho. Dona de um pequeno bistrô, foi onde comi muitos caranguejos, tomei muitas cervejas e passamos muitas horas conversando.

Ainda em Grauçá comi o famoso prato feito (PF) no restaurante do Tio Berlindo. Composto por feijão maravilhoso, arroz, salada e recheado de filé de peixe e uma farofa que não se encontra facilmente. Ah, também entrei no trio elétrico no dia da inauguração do novo píer de Caravelas. O pier vai facilitar o embarque do turista para locais como: ilha do Pontal do Sul e as inúmeras potencialidades da Reserva Extrativista de Cassurubá.

Mas foi no centro histórico de Caravelas que comi os mais deliciosos crepes na minha vida. O bistrô Jubarte está localizado na rua Sete de Setembro, 78, numa das casas históricas, da chef Aline e até hoje não consigo definir de qual eu gostei mais: se o de camarão ou de carne seca.

Ninguém se esconde – Também fiquei sabendo que o empresário de Foz do Iguaçu, Emerson Peixoto passa longas temporadas numa das casas em Grauçá e não tive a sorte de encontra-lo por aqui. Outra descoberta foi o músico Mitchel Kipgem, que viveu muito tempo na Terra das Cataratas e hoje tem uma pousada container em Caravelas, a Abrolhos Dive Inn e também é instrutor de mergulho.

Uma viagem pela história

Preferi começar falando da estrutura de Caravelas, para depois contar sobre o Centro Histórico, que fui pelo menos cinco vezes passear por lá. Eu fui lá para comer crepe, comprar peixes, na feirinha e também fui levar a Bruna, que é instrutora de mergulho, para embarcar rumo a Abrolhos para acompanhar grupos de mergulhadores e turistas.

As construções das casas começaram a partir de 1581. Não vou relatar quem foram os ‘desbravadores’ do Brasil, que ocuparam as terras indígenas, mas é fato que as construções coloniais do século 19, tem estilo art nouveau, com detalhes de azulejos portugueses, que enfeitam as fachadas.

O começo – O Centro Histórico começou pela praça principal batizada de santo Antônio. Logo em seguida foi rodeada por casarões e também a Catedral que leva o mesmo nome da praça. A catedral começou a ser construída em 1725 e concluída 25 anos depois e contou como ‘mestre de obras’, o padre jesuíta, Antônio do Espirito Santo.

A cidade foi construída as margens do Rio Caravelas, onde se concentram dezenas de barcos quando voltam da pesca. Ali também tem pier dos barcos que levam os turistas para passeios ou mergulhos no arquipélago de Abrolhos e dos pescadores.

No passado, o rio Caravelas era a porta para os sertões e ponto de partida para as expedições organizadas que iam em busca de riquezas, além de exportar produtos para a Europa.

Estrade de ferro – A Estrada de Ferro Bahia e Minas ligava Ponta de Areia, bairro de Caravelas à cidade de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, numa extensão de 578 quilômetros. O ramal ferroviário foi implantado por volta de 1882 pela Estrada de Ferro da Bahia em parceria com o Governo de Minas Gerais tendo como principal objetivo a exploração e transporte de madeira, e em especial dormentes. Mas a história durou pouco mais de oito décadas, deixou saudades na população e hoje a estação virou a rodoviária de Caravelas, localizada no centro histórico.

Espaço Baleia Jubarte

Localizada num dos casarões históricos da cidade, portal para o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, a sede do Instituto Baleia Jubarte. Recebe visitantes interessados em saber mais sobre as jubartes e a visita às baleias na região.

Na praia do Kitongo tem o Centro de Visitantes do Parque com uma réplica de jubarte em tamanho natural. Apesar da visita não ser obrigatória e não estar no roteiro do viajante, o local é lindo e tem muita história para se aprender no centro de Visitantes. Poderia ter mais divulgação na mídia, porque o lugar é incrível! 



Fotografias
A foto principal registrou foi um dos momentos mais impressionantes. A Gameleira é centenária e possui centenas de espécies e ainda fica ao lado de uma daquelas igrejinhas antigas, que me encantam.

4 thoughts on “Caravelas é uma cidade cheia de histórias na Bahia

  • 4 de novembro de 2021 em 11:06
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    Bom dia sou dessa terra querida mais esqueceram de falar das.pessoas antigas seu Elias Dr.Socrates Desdedithe Naninha tantas famílias tantas meninas bonitas que existiam . Pois o antigo e que tem a força dess cidade mágica e maravilhosa . Um grande abraço

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  • 8 de novembro de 2021 em 13:33
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    Lembro-me que não existia condução para levar a Barra, hoje a chamam de praia de Grauça em 1958 Nanuque Caravelas chegava no sábado o ônibus e no domingo fazia o trajeto ida e volta de Grauçá
    Antes era a pé passando por Ponta da Areia, seguindo até a praia e no percurso tomando carreira de vespas correndo sobre a areia fofa em desespero..
    Não sei, hoje, mas na época a arborização costeira da praia da você entrava nela 2/3 metros encontrava cajueiros incontáveis ao longo, carregadinhos.
    Usava uma vara cê uma espécie que parecia um abacaxi diminuto na ponta, cortava-a e colhia os cajus fazendo uma fileira espetada e ia para a sombra na areia para chupar em quantidade abusiva no lugar da água que não tinha levado..coqueiro existia claro mas difícil Alcançar, mesmo porque despreparado para abrir.
    Pegar camarão batendo calão com uma rede era distração extra.
    .Muitas saudades

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