Taputá Tometô* nesta viagem pela história dos Pataxós

Taputá Tometô quer dizer ‘seja bem vindo’ na língua patxohã. Portanto te convido para esta viagem pelas aldeias do povo Pataxó, do Sul da Bahia.

Minha viagem já dura 30 dias e mesclei férias com o trabalho remoto de assessoria de imprensa de empresas de Foz do Iguaçu. Conheci cidades como Caravelas, Curumuxatiba, Corumbau, Prado, Teixeira de Freitas e Caraiva. Tenho alguns dias por aqui ainda, até a data do meu retorno,  então já coloquei outras cidades no meu radar.

Mas o quero contar é sobre a experiência que vivenciei na Aldeia Pataxó Tibá. Fui acompanhando minha filha e bióloga Bruna Canal e de seu namorado, o Gustavo Mello Affonso, que é geógrafo e vem finalizando o seu mestrado na área do ecoturismo e interpretação ambiental. Os dois estão morando no Sul da Bahia realizando consultorias socioambientais e também desenvolvendo iniciativas empreendedoras no setor do turismo mais sustentável.

A aldeia Tibá que deseja desenvolver o turismo étnico, com o objetivo de resgatar a história, a cultura e os costumes e desta forma gerar renda para as famílias indígenas. “Queremos lutar pelo nosso sustento de forma sustentável, sem maltratar a natureza, pois Deus deixou tudo pronto e só temos que administrar”, fala o cacique pataxó, Zé Fragoso.

A tribo, que pertence ao povo Pataxó, quer resgatar a história através dos instrumentos musicais feitos artesanalmente, da comida, dos cantos e as danças. No setor de alimentação, a ideia é servir comida típica em utensílios extraídos da natureza, como o peixe na folha de patioba (uma espécie de palmeira). Além disso, ainda tem os rituais com ervas medicinais para reorganizar as energias das pessoas.

Outro ponto de resgate que está no radar dos índios Pataxós, é o idioma, o Patxohã que foi esquecido e hoje poucos na aldeia conseguem falar fluentemente. O nome de batismo dos bebês indígenas é outra proposta de resgate. “A ideia é que as crianças sejam batizadas com nomes indígenas e não com nomes de outras etnias, como acontecia com nossos antepassados” comenta Eduardo, liderança jovem da aldeia e que ganhou o nome de Manuhã, que significa Cruzeiro do Sul.

O que me chamou a atenção, foi a participação de jovens nessa busca pelo resgate da história, cultura e costumes. As mulheres também ganham voz, como é o caso da Jocélia, que é a presidente da associação da aldeia. A maioria lidera algum tipo de ação que são desenvolvidas pela Aldeia Tibá.

Renda
Praticamente todas as famílias indígenas, que vivem na região de Cumuruxatiba, Corumbau, Barra do Cahi, trabalham em empresas de diferentes setores para gerar a renda necessária para subsistência. O turismo étnico seria uma solução para que as famílias pudessem empreender e gerar renda dentro de suas próprias aldeias através do empoderamento e resgate de sua cultura.

Lenda indígena
O Cacique Zé Fragoso contou que que a folha de patioba era usada para tomar água em riachos, armazenar a comida e até extrair som para acompanhar os cantos indígenas. “Meus ancestrais contam que depois que bebiam água na patioba, tinham que rasgar a folha, caso contrário, o cão (espirito mal), usavam a mesma para matar a sede e isso era uma porta aberta para energias ruim para tribo”, conclui

* Tapitá Timetô pataxi Tibá / Traduzindo “Sejam bem-vindos à aldeia Tibá”

Texto e fotos: Silvana Canal

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