O café é uma bebida que virou ritual, tradição e paixão nacional
Como degustadora apaixonada, compartilho a experiência sensorial com o café e celebro a data que homenageia uma das bebidas mais queridas do Brasil
Em meio à rotina agitada, há quem encontre no preparo de uma xícara de café muito mais do que um simples hábito: um momento de pausa, introspecção e prazer. Este é o meu caso, que transformei o café em um verdadeiro ritual diário. “Aprendi que adoçar tira o gosto real do café e que a torra média preserva sabores mais puros e agradáveis. A torra escura, apesar de comum, esconde impurezas e agride o paladar”. Hoje eu preparei um Bourbon Amarelo de Minas Gerais, na prensa francesa – uma bebida encorpada, com acidez cítrica marcante e sabor prolongado.
Celebrado em 24 de maio, o Dia Nacional do Café marca simbolicamente o início da colheita nas principais regiões produtoras do Brasil. A data foi instituída em 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) para valorizar a cultura do café e os milhões de brasileiros envolvidos em sua cadeia produtiva. E motivos para comemorar não faltam: o país é o maior produtor e exportador mundial da bebida.
Os principais estados produtores são Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia e Paraná. Juntos, eles colocam o Brasil no topo do ranking global, com destaque para os grãos arábica, que são os mais exportados e apreciados no mercado internacional por sua suavidade, doçura e diversidade de notas aromáticas.
Entre os principais destinos do café brasileiro estão Estados Unidos, Alemanha e Itália, mercados exigentes que valorizam o grão especial e a rastreabilidade da produção. E por falar em história, acredita-se que o café tenha sido descoberto no século IX na Etiópia, por um pastor chamado Kaldi, que observou o efeito energizante dos frutos em suas cabras. A bebida se espalhou pelo mundo árabe, chegou à Europa no século XVII e foi introduzida no Brasil por volta de 1727, no estado do Pará, tornando-se um dos pilares da economia nacional nos séculos seguintes.
Hoje, o café está presente em mais de 97% dos lares brasileiros, seja em versões tradicionais ou especiais, preparados em métodos diversos que vão da cafeteira italiana à prensa francesa, passando pelo coador de pano. “O preparo também virou um cerimonial para mim. Escolho o método, a moagem, o tempo de infusão e até a temperatura. Um bom grão moído na hora pode ser apreciado até frio, e ainda assim manter seu sabor incrível”.
Seja como combustível para começar o dia, inspiração para uma pausa no trabalho ou companhia para uma boa conversa, o café vai muito além de uma bebida. É afeto, identidade e paixão nacional.
Texto: Silvana Canal MKT