Itaipu participa da criação da Rede Brasileira de Translocações para Conservação de Fauna
Objetivo é implantação e expansão de programas federais nos municípios do Paraná e Mato Grosso do Sul
A Itaipu Binacional agora faz parte da Rede Brasileira de Translocações para Conservação de Fauna, que visa assegurar a reintrodução na natureza de animais mantidos em cativeiro. A rede foi criada durante o Curso Internacional de Translocações para Conservação, do Grupo Especialista em Translocações para a Conservação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O biólogo Marcos de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu e especialista no manejo de aves de rapina, participou do curso, realizado entre 28 de agosto e 1º de setembro, na Reserva Natural Salto Morato, localizada em Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná.
De acordo com Oliveira, há um imenso potencial no Brasil para reintroduções e outras translocações de populações animais com o objetivo de reestabelecer a biodiversidade dos ecossistemas naturais, como já vem acontecendo em muitos países.
Como exemplo, ele cita o Parque Nacional de Iberá, na Argentina, onde a prática já está sendo implementada. A Itaipu, inclusive, contribuiu com o projeto de reintrodução, com a doação de 10 mutuns-de-penacho e três antas, em 2019. E deu resultado: os mutuns, que antes viviam em cativeiro, estão se reproduzindo normalmente, o que mostra o sucesso da ação.
Oliveira afirma que o curso possibilitou pensar mais profundamente sobre o tema. “Uma questão importante é o engajamento da sociedade. É preciso debater políticas públicas, assim como envolver a comunidade para ter sucesso nas solturas e reintroduções dos bichos na natureza. Às vezes, a ação não é recomendada”, explica. E acrescenta: “Uma soltura incorreta pode resultar na morte do animal. Então, é preciso muito planejamento, estudos e estratégia de acompanhamento”.
Para o biólogo, o grande ganho do curso foi a criação de uma rede de pessoas que entendem sobre o tema para conversar mais profundamente sobre essa prática e estabelecer uma agenda positiva sobre o assunto. Com a rede, os especialistas terão um encontro a cada dois anos para saber se estão no caminho certo.
Curso
O curso reuniu especialistas de todo o Brasil envolvidos de alguma forma com translocações de animais para a conservação da biodiversidade do País, seja executando ou avaliando projetos envolvendo solturas e reintroduções de animais na natureza.
Esses profissionais representam diversos setores da sociedade, como órgãos governamentais, organizações da sociedade civil (OSCs), universidades, zoológicos, criadouros e instituições de pesquisa.
Desde sua criação, a Itaipu Binacional possui ações de conservação da biodiversidade focadas na Mata Atlântica da região do Rio Paraná. O trabalho de restauração de áreas florestais e proteção da fauna visa permitir o fluxo de vida no entorno do reservatório. A Itaipu mantém 343 animais, de 57 espécies diferentes. A empresa tem o maior plantel de harpias do mundo, com 32 aves.