Associação diz que bares e restaurantes querem contratar, mas falta gente ‘disposta a trabalhar’

Estabelecimentos afetados duramente na pandemia da covid-19 não encontram mão de obra para retomar 100% das atividades, diz Abrabar

O Brasil vive uma dura realidade com mais de 13 milhões de desempregados. O cenário de crise econômica e social não tem sensibilizado este exército de desempregados no país. O alerta é da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), ante a falta de ânimo das pessoas em trabalhar nos estabelecimentos do setor.

“Parece surreal. Em um pais com mais de 13 milhões desempregados achar alguém disposto a trabalhar em uma categoria que foi devastada durante a pandemia, onde milhares de colaboradores perderam seu emprego”, desabafa Fábio Aguayo, presidente da entidade. “Mas isso acontece no setor de gastronomia e entretenimento”, ressaltou.

De acordo com a Abrabar, virou uma “uma saga” encontrar alguém disposto a ter carteira assinada e enfrentar uma rotina sem fim de semana e folgas alternativas. “As ofertas estão no dia a dia, mas contratar alguém comprometido e engajado é um desafio enorme e estarrecedor”, frisou.

Mudança de comportamento
Para o empresário Gustavo Haas, do Grupo El Taco de Curitiba, esta tendência está ligada as mudanças que atingiram todo o mundo nas últimas décadas. “Nos últimos ano e principalmente nos últimos dois anos”, disse ele, em referência ao início da pandemia, em meados de março de 2020.

“Sinto que as pessoas querem empregos mais leves, com menos horas dedicadas, mais dias de folga. Portanto, trabalhar dentro de uma cozinha super quente, em um bar de garçom equilibrando bandejas, trabalhar aos sábados e domingos, em horários complexos, deixou de ser interessante. Mesmo com salários melhores e benefícios, as pessoas não querem mais se sujeitar”, completou.

O empresário Márcio, do Zapata, concorda com a avaliação. “Como ficamos muito tempo fechados, dois anos, muitos daqueles que tivemos que dispensar, não foram todos que conseguiram segurar pelas medidas do governo, nós tivemos que dispensar 70% do quadro”, revelou.

“Sem falar do pessoal que é taxista, horista e tudo mais, este pessoal precisa trabalhar e acabou migrando para outras áreas. O que aconteceu é que voltou tudo novamente e este pessoal já não está mais neste mercado para trabalhar no nosso setor”, disse.

Alternativas
Para o empresário, o grande desafio a partir de agora é atrair novas pessoas para o segmento de bares e restaurantes, que terão de ser qualificados e treinados para atuar. “O que vai representar isto, para conseguirmos atrair novos colaboradores, vamos precisar dar condições para isso”.

“Vai ter que acabar dando um salário mais atraente, senão vamos continuar com esta dificuldade. É importante a Abrabar e outros sindicatos fazer uma força tarefa colocando que o setor está empregando e tentar atrair esa mão de obra”, completou.

Para o também empresário Sergio Apter, do Quintal do Monge, essa é a realidade do mercado atual. “(Os colaboradores) só querem fazer taxa, sem compromisso”, frisou. “Está difícil mesmo. Um absurdo. A rotatividade de funcionários está alta e muito difícil de completar a vaga”, completou Gustavo Grassi, do Habibs. (BandaB)

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