Acordo de cooperação entre ICMBio e Parque das Aves busca salvar espécies de aves da Mata Atlântica
Através do Instituto Claravis, o Parque das Aves oficializa o trabalho realizado desde 2017 em prol das aves em perigo de extinção do ameaçado bioma
Neste mês de maio, foi publicado no Diário Oficial da União o acordo de cooperação firmado entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio e o Instituto Claravis, criado pelo Parque das Aves para promover a conservação de espécies ameaçadas de extinção. A parceria visa o trabalho conjunto das duas instituições para acompanhar e implementar o Plano Nacional para Conservação das Aves da Mata Atlântica – PAN Aves da Mata Atlântica.
“Estamos muito honrados em formalizar essa parceria, que já vem rendendo frutos há muitos anos. O Instituto Claravis foi instituído para dar ainda mais força para o nosso trabalho de conservação de aves da Mata Atlântica iniciado junto com o 1º ciclo do PAN”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
Acordo de cooperação
O objetivo principal do projeto, que tem como título “Reconectar pessoas às aves: PAN Aves da Mata Atlântica”, com início em abril de 2022 e término em abril de 2027, é acompanhar e implementar conjuntamente o PAN Aves da Mata Atlântica.
“Estamos planejando a oficina de elaboração do 2o ciclo (2022-2027) do PAN Aves da Mata Atlântica, um passo muito importante para iniciarmos os trabalhos dessa nova fase”, comenta Eduardo Barbosa, coordenador do PAN das Aves da Mata Atlântica, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio).
Além das reuniões preliminares para discutir as próximas etapas do processo e planejar a implementação e acompanhamento das ações, as instituições parceiras também irão trabalhar para promover a prática de observação de aves como uma ferramenta de educação para conservação das espécies e subespécies listadas no PAN Aves da Mata Atlântica, além de realizar diversas atividades de divulgação sobre a conservação do bioma.
“O Parque das Aves compôs o GAT no primeiro ciclo do PAN e agora tem o papel de ‘coordenação executiva’ junto com o CEMAVE. Será uma nova fase, repleta de novos desafios e conquistas muito importantes para as espécies de aves em risco de extinção na Mata Atlântica”, comenta Paloma.
A Mata Atlântica
A Mata Atlântica é o segundo bioma mais biodiverso do mundo, mas também um dos biomas mais ameaçados. Embora 17 estados brasileiros estejam em domínio de Mata Atlântica, mais de 90% da sua área original já foi devastada.
“Como habitats importantes estão desaparecendo rapidamente, muitas aves vão sumindo no mesmo ritmo. A situação é ainda mais grave para as espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem em uma região específica. Em alguns casos, onde existiam bandos grandes de aves, hoje são encontrados somente alguns indivíduos ou a espécie já foi regionalmente extinta”, reforça Paloma.
Na Mata Atlântica vivem cerca de 72% dos brasileiros, mais de 20 mil espécies de plantas e pelo menos 2 mil espécies de animais vertebrados, sendo que 890 são aves e, dessas, 215 são exclusivas do bioma.
“Uma ave endêmica da Mata Atlântica que está desaparecendo rapidamente é a saíra-apunhalada, espécie criticamente ameaçada de extinção, pois restaram apenas 19 indivíduos conhecidos no planeta. Então, é absolutamente urgente tomar atitudes eficazes agora”, fala Paloma.
O Instituto Claravis
O Instituto Claravis, fundado pelo Parque das Aves, nasceu depois que uma espécie de pomba, chamada pararu-espelho (Paraclaravis geoffroyi), desapareceu da região do Iguaçu. Ao receber essa notícia, a diretora executiva do Parque das Aves, Carmel Croukamp, decidiu focar todos os esforços da instituição no abrigo, recuperação e conservação de aves da Mata Atlântica.
“O desaparecimento da Claravis, como carinhosamente chamamos a espécie aqui no Parque, nos fez repensar toda nossa atuação, e nos inspirou a posteriormente criar um instituto em sua homenagem, com o intuito de aprimorar e concentrar ações de conservação que possam ser eficazes e colaborativas as espécies ameaçadas em nosso país”, comenta Paloma.
O Instituto Claravis é composto por dois centros, que trabalham de maneiras complementares para salvar espécies: o Centro de Conservação de Aves da Mata Atlântica, o Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil.
O PAN Aves da Mata Atlântica
O PAN Aves da Mata Atlântica foi elaborado em outubro de 2014, com a participação de 31 especialistas em conservação de aves, representando 25 instituições diferentes. Juntos, eles definiram as estratégias prioritárias para conservar as aves desse bioma, como: proteger, ampliar, restaurar e conectar os ambientes naturais onde vivem as aves; reduzir a caça e a captura ilegal desses animais; promover a reintrodução de aves, de forma adequada e planejada, em áreas onde elas já existiam naturalmente; controlar a presença de espécies exóticas invasoras, evitando prejuízos às espécies nativas, e avaliar o efeito de alterações climáticas sobre as aves ameaçadas de extinção.
Para saber mais, acesse:
https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/pan/pan-aves-da-mata-atlantica
Os PANs
O Plano de Ação Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção é um documento, construído de forma participativa por diversas pessoas e instituições, visando planejar e organizar ações para conservar espécies de plantas, animais e outros seres vivos, assim como os ambientes naturais onde eles vivem. O objetivo é identificar as principais ameaças que colocam essas espécies em risco de extinção, e propor maneiras de combatê-las.
As estratégias propostas pelo plano podem incluir: reduzir as ameaças sobre as espécies, conciliar a convivência entre as espécies e a sociedade, conservar os animais em locais especializados (como zoológicos e criadouros), fortalecer pesquisas científicas sobre as espécies, desenvolver ações de educação ambiental, recuperar áreas degradadas e promover a conexão entre os ambientes naturais, além de criar e manter áreas protegidas, chamadas Unidades de Conservação.
Todo PAN tem quatro etapas principais: 1) planejar as ações; 2) implementar as ações; 3) monitorar as ações; 4) avaliar os resultados alcançados. Essas etapas devem ser cumpridas dentro do período de duração do PAN (chamado de ciclo). O monitoramento das ações é feito anualmente, pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT). Se, durante essa etapa, o GAT perceber que é necessário, o período pode ser estendido (novo ciclo).
Para saber mais, acesse:
https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/pan
legenda foto principal – Fêmea de pararu-espelho. Foto: Carlos Keller
Da assessoria