Dia Nacional da Mata Atlântica é celebrado por colaboradores e visitantes no Parque das Aves
Entre 27 e 29 maio, o atrativo celebra a beleza e a importância de um dos biomas mais biodiversos do planeta
O Dia da Mata Atlântica, celebrado em 27 de maio, vai contar com comemorações especiais sobre o bioma no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu. Além de um concurso fotográfico temático e palestras sobre a missão do Parque, ambos voltados para os colaboradores, os visitantes também poderão conhecer melhor a biodiversidade da Mata Atlântica, aprendendo mais sobre sua fauna e flora, além de descobrir o trabalho de conservação de espécies ameaçadas que o Parque das Aves desenvolve juntamente com parceiros no Brasil e no mundo.
“Este é um dia muito especial para todos nós, que vivemos na Mata Atlântica, e ainda mais para os colaboradores do Parque das Aves, pois é o momento de relembrar nossa missão de salvar espécies desse bioma tão especial, não importa em qual setor trabalhamos. Também estamos muito felizes que nossos colaboradores tenham a oportunidade de mostrar como enxergam a nossa Mata Atlântica, por meio das fotos submetidas para o concurso ‘Mata Atlântica Pelos Nossos Olhos’. Durante esses dias, esperamos também receber nossa comunidade de Foz do Iguaçu, lar de um parque nacional que conserva um dos últimos e mais importantes remanescentes de Mata Atlântica de interior do mundo bem aqui, no seu quintal”, comenta Daniella França, gerente da equipe de Educação Ambiental do Parque das Aves.
A Mata Atlântica
A data foi criada para sensibilizar as pessoas sobre a importância de conservar o bioma mais biodiverso do mundo, depois da Amazônia. Além de abrigar a segunda maior variedade de espécies no planeta, o bioma também é habitado por mais de 70% dos brasileiros. Embora a Mata Atlântica se espalhe por 17 estados brasileiros, mais de 91% da sua área original já foi devastada, o que a torna um dos biomas mais ameaçados do planeta.
“É uma honra viver em domínios de Mata Atlântica, um dos biomas mais incríveis do mundo. Sua diversidade de espécies nos encanta e surpreende todos os dias! Porém, essa admiração vem com uma responsabilidade imensa, pois não podemos deixar que nenhuma destes seres vivos que dependem da mata desapareçam. Extinção é isso: não tem volta, então precisamos agir agora!”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
Apesar da enorme redução na cobertura original da vegetação, o que levou muitas espécies à beira da extinção, nem tudo está perdido – e, mais do que nunca, é muito importante que, nesta data, os diversos atores sociais do Brasil estejam juntos para manter o bioma de pé.
“Somos todos responsáveis pela conservação da Mata Atlântica: sociedade civil, empresas públicas e privadas, universidades, governo e ONGs”, comenta Paloma.
Além disso, é importante lembrar que conservar a Mata Atlântica indiretamente contribui para o fornecimento de bens e serviços essenciais para os 145 milhões de brasileiros que nela vivem, como produção de alimentos, madeira, fibras, óleos e remédios. Ela também é fundamental para a regulação do clima, a polinização das plantações, a fertilidade do solo e a qualidade do ar e das fontes de água doce. Sem contar que o bioma oferece paisagens cênicas (como as famosas Cataratas do Iguaçu, que estão localizadas em frente ao Parque das Aves) e abriga um imensurável patrimônio histórico, cultural e religioso.
Parcerias para salvar espécies
Pela sua importância, centenas de instituições atuam para proteger o bioma e sua biodiversidade. Dentre os que lutam pela conservação da Mata Atlântica, o Parque das Aves é o único zoológico do mundo focado na conservação das espécies do bioma, atuando no abrigo, resgate e conservação desses animais, principalmente as 120 espécies e subespécies de aves ameaçadas de extinção.
“Uma dessas espécies é o uru-do-nordeste (Odontophorus capueira plumbeicollis), ave endêmica da Mata Atlântica do Nordeste, ou seja, exclusiva dessa região, que raramente era avistada em ambiente natural há muito tempo. Então, no início de abril, cinco indivíduos foram trazidos pelos nossos parceiros da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), com autorização dos órgãos ambientais, visando compor uma população que iremos abrigar para que possa se reproduzir em segurança aqui no Parque das Aves. Esse lindo trabalho colaborativo renova nossa esperança para a conservação de mais uma espécie da Mata Atlântica e a crença de que estamos reunindo nossos melhores esforços para cumprir nossa missão”, comenta Paloma.
Um outro exemplo de parceria bem-sucedida para salvar espécies da Mata Atlântica é o trabalho realizado com a SAVE Brasil (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil) para a reintrodução de jacutingas (Aburria jacutinga) nascidas no Parque em seu ambiente natural. Como a espécie está praticamente extinta em algumas regiões da Mata Atlântica devido à caça ilegal e às alterações em seu habitat, o projeto da SAVE Brasil busca devolver e monitorar jacutingas nas áreas onde elas costumavam ocorrer, reconstruindo as relações ecológicas que existiam antes. As atividades, que são baseadas em pesquisa científica, ajudam a educar as comunidades locais sobre a importância da espécie.
Leis e áreas de proteção são também uma importante ferramenta para proteger um bioma tão ameaçado. Assim, na Constituição Federal de 1988, a Mata Atlântica foi decretada Patrimônio Nacional, e a UNESCO em 1991 a considerou Reserva da Biosfera. A lei da Mata Atlântica (11.428/2006) é ainda hoje o principal instrumento para proteger o bioma.
Visita ao Parque das Aves e Educação Para a Conservação
Os visitantes do Parque das Aves têm um contato muito próximo com a Mata Atlântica e mais de 1.300 animais, de 150 espécies, sendo que mais de 90% delas são nativas desse bioma. Entre cores e sons da fauna e da flora, a experiência multissensorial oferecida ao visitante tem como diferencial o aprendizado durante a visita.
“Nada melhor do que aprender através do encantamento, e é isso que oferecemos ao visitante do Parque das Aves. Convidamos a todos para que venham de coração aberto, pois irão descobrir as belezas do Brasil e sair da visita sabendo a importância de nos ajudar a trabalhar para sua conservação. Além de levarem daqui memórias para a vida, deixarão o Parque com dicas para ajudar a criar hábitos que contribuam com atitudes cada vez mais respeitosas em relação à Mata Atlântica”, comenta Daniella.
O trabalho com grupos escolares é outro ponto-chave dos programas de educação ambiental do Parque das Aves. Anualmente, o Parque recebe mais de 35 mil alunos em suas atividades educativasoferecendo visitas gratuitas para escolas da rede pública da região.
A equipe de Educação Ambiental se dedica a fortalecer a conexão do público visitante com a Mata Atlântica, trabalhando para intensificar o engajamento de cada indivíduo em relação ao bioma.
“Também é importante lembrar que nossos visitantes também ajudam a Mata Atlântica, pois o valor do ingresso do Parque das Aves permite financiar vários projetos de pesquisa e conservação das espécies do bioma e, em consequência, protegem dezenas de outras espécies de plantas e animais que habitam os mesmos locais”, diz Daniella.
Mudança de hábitos
O papel do visitante na proteção da Mata Atlântica vai muito além do ingresso já que o Parque convida cada indivíduo a fazer uma reflexão sobre sua postura e repense seus comportamentos diários. Durante o passeio todos são incentivados, por exemplo, a adotar hábitos de vida mais sustentáveis e a denunciar o desmatamento, maus-tratos e tráfico de animais silvestres. Infelizmente, mais de 50% das aves abrigadas pelo Parque são vítimas diretas de maus-tratos e contrabando. Muitos indivíduos, especialmente papagaios, carregam sequelas para o resto da vida.
“Aqui no Parque, acreditamos que a educação é essencial para a conservação das espécies e temos a chance de apresentar aos visitantes como pequenos gestos podem fazer uma diferença enorme para essas espécies”, afirma Daniella.
Nossos hábitos alimentares também podem contribuir para redução da perda da fauna e flora. Algumas atitudes importantes incluem não comer aves nativas da Mata Atlântica, evitar o consumo excessivo e predatório de plantas das quais elas se alimentam (como pinhão e palmito-juçara, por exemplo) e reduzir o consumo de alimentos de origem animal, visto que a pecuária é uma atividade que contribui imensamente para o desmatamento e a contaminação no bioma.