Camara municipal de foz do iguaçu

Audiência reforça o fortalecimento da rede de proteção no combate a violência contra a mulher em Foz

A audiência serviu para alertar para a criação de políticas públicas e fortalecer as políticas já existentes de combate à violência contra a mulher

A necessidade de desenvolver estratégias no município para romper o ciclo de violência contra as mulheres e o fortalecimento da rede de proteção foram os principais eixos de debate na audiência pública que discutiu violência contra a mulher e feminícidio na Câmara de Foz, na manhã desta quinta-feira, 19 de maio. A proposta para realização do evento é de autoria da vereadora Anice Gazzaoui (PL).

A coordenadora da Patrulha Maria Penha, Iraci Pereira, convidada a ser expositora na audiência, alertou que o feminicídio tem algumas características recorrentes: “ A proximidade com a vítima, incidência de locais (hotel, motel, local de trabalho, carro em via pública, casa). É necessário observar a crueldade. Precisamos criar políticas públicas e fortalecer as políticas já existentes de combate à violência contra a mulher”.

A vereadora Anice Gazzaoui (PL), proponente da audiência, afirmou: “quem não se emocionou com as falas, com os relatos: quiçá fosse um filme, mas é uma verdade. A gente sabe que cada uma de nós conhece alguém que vivenciou uma história assim. Muitas vezes a mulher não tem apoio”.

O secretário de segurança pública de Foz, Tenente-coronel Jahnke, enfatizou: “para nos unir e agirmos antes serviu essa audiência. Estou há 23 dias no cargo de secretário, mas já fui abordada pela inspetora Iraci que pediu que a patrulha virasse uma coordenadoria, então vamos dar prioridade a isso”.

Cortes de recursos federais para combate à violência contra a mulher

Dayse Bortoli, representando a secretaria de assistência social, pontuou “até 2016 tivemos um avanço na política pública e depois foi se descontruindo esses avanços. Hoje o que temos em Foz de políticas nesse sentido está referenciado na assistência social. Não temos o fundo nacional e nem estadual para a mulher. Então fazer política pública que dê conta de toda complexidade que é precisa de recurso financeiro e nós não temos. Desde 2017 conseguimos aumentar os recursos municipais. Mas tivemos corte de mais de 64% de corte nos recursos federais“.

Também participaram do debate os vereadores: Yasmin Hachem (MDB), Valdir de Souza Maninho (PSC), Adnan El Sayed (PSD), Alex Meyer (PP) e Luciana Rodrigues – vice-presidente da; Rafaela de Mello – psicóloga do CRAM – centro de referência de atendimento à mulher vítima de violência Rejane Marisa Dal Bó; Kiara Heck – coordenadora do CRAM Centro de Referência de Atendimento à mulher vítima de violência; Amar Alrai – presidente da comissão da mulher advogada da OAB /subseção de foz do Iguaçu, Alsileide Dantas, Coordenadora da Casa Abrigo, Mãe Edna de Baru, presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial e Valdilena Ramme, representante das promotoras legais populares da fronteira.

Posturas machistas

A vereadora Yasmin Hachem (MDB) “é muito impactante sabermos que mais de 60% da população conhece alguma menina já foi estuprada. Estamos a todo tempo sendo colocadas como intrusas, como se espaço não pertencesse a nós. Eu sinto o reflexo de posturas machistas, lgbtfóbicas, racistas”.

Depoimentos

Maria José El Saad destacou “quando uma mulher morre de feminicídio, todas nós morremos um pouco com ela. Em 2020, 1.360 feminicídios foram registrados, 62% de mulheres negras. Não existe como discutir o feminicídio sem falar da questão social. A cor desse crime no Brasil é negra e para isso precisa de políticas públicas”.

Maristela Bail, da Guarda Municipal trouxe um relato “o que me motivou a entrar na segurança pública foi ter visto uma tia ter sido assassinada pelo seu companheiro em frente das filhas e depois minha irmã, que estava gestante, também foi assassinada pelo marido, Então acreditei que entrando na segurança eu iria poder ajudar muitas mulheres”. Regiane Tonatto, Ceged Unila, “acolher uma mulher é acolher muitas outras pessoas por trás”.

Ilsy Galvão “precisamos do atendimento, acolhimento e monitoramento. A sociedade é cúmplice desse assassinato porque a gente naturaliza as violências, sejam elas: físicas, emocionais e financeiras. A gente é criada em um país racista, misógino e machista. E muitas vezes repetimos e naturalizamos as violências. Quando a agressão contra a mulher termina em feminicídio foi o fim de longo processo de agressões, que muitas vezes começa na infância”.

Renda e habitação

Rafaela Mello ponderou “é importante pensar que o feminicídio não acontece do nada. Percebemos muitas vezes a falta de amparo nas políticas públicas. Quando se questiona por qual motivo as mulheres permanecem em relacionamentos abusivos, isso perpassa pela falta de renda, de moradia, com filhos para criar. Precisamos pensar em estratégias para que essas mulheres tenham renda”.

Pâmela Pecegueiro, assistente social, pontuou “é importante destacarmos os avanços das políticas habitacionais que ajudam a romper o ciclo de violência. Desde 2012 as mulheres são titulares do contrato da moradia, mesmo com divórcio. Isso vemos com avanço significativo para pensar autonomia das mulheres.

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